quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Criança deve evitar eletrônicos até 12 anos de idade, afirma educador


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 THAIS BILENKY, Folha de S.Paulo

Tablets são uma péssima maneira que os pais acharam para ocupar as crianças, diz Flávio Comim, 48, ex-economista sênior do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Para ele, o ideal é que as crianças evitem os eletrônicos até os 12 anos. “O uso excessivo de aparelhos eletrônicos limita as conexões neurais. As crianças não pensam aberto, mas dentro da caixa.”
Economista, ele é um dos coordenadores do Círculo da Matemática, projeto nascido em Harvard há 20 anos. Leia a seguir a entrevista.
Folha – Como pais podem ajudar os filhos na escola?
Flávio Comim – Os pais devem se importar com os estudos dos filhos. As crianças não aprendem com discurso, mas sim com a prática. Você briga com seu filho por causa de uma nota ruim e, quando ele vem mostrar algo que aprendeu, você diz “bonito, agora vamos ver televisão”. Os pais têm de ser coerentes.
O efeito família é superior ao efeito escola na explicação do desempenho das crianças. Professores não conseguem mudar a realidade que o aluno vive em casa. Há muito que os pais podem fazer: ler um livro, brincar juntos, criar rotina. Isso dá segurança à criança ir bem na escola. Mas é preciso regras, punições consistentes.
Que tipo de punição?
As maneiras mais modernas de punir estimulam a reflexão das crianças, como na ideia de minutos. Você reconhece que aquilo que a criança fez não está certo e dá um tempo para ela pensar. Mas sempre com afeto. As famílias parecem estar cansadas demais para se preocupar com o mundo dos filhos –os pais terceirizam para a escola a educação dos filhos e esta devolve para os pais. As crianças são educadas em um vácuo que que tem sido preenchido pela tecnologia.
Isso é ruim?
É péssimo. iPad e tablets são a maneira que os pais de classe média encontraram para ver as crianças ocupadas. Um superestímulo virtual pode levar também a problemas de comportamento, como à busca por satisfação imediata em tudo. O uso excessivo de aparelhos eletrônicos limita as conexões neurais. As crianças não pensam aberto, mas dentro da caixa, naqueles parâmetros que são dados. As sociedades médicas na Inglaterra e nos EUA recomendam que, pelo menos até os 12 anos, crianças não usem muitos eletrônicos. Os pais, talvez no intuito de ajudar e maravilhados em ver os filhos operando esses aparelhos, se rendem, indefesos, a todo tipo de tecnologia. Os problemas vêm depois.
Livros e brinquedos nessa fase são mais recomendáveis?
Sim, se receber os estímulos certos, uma criança pode começar a ler aos quatro ou cinco anos. Do contrário, ela pode ter a mobilidade prejudicada ou enfrentar dificuldades para diferenciar cores.
E o aspecto lúdico?
Ninguém tem excelência se não faz algo com um pouco de prazer. O problema é que muitos pais têm um nível educacional limitado. Dizem às suas crianças “matemática é difícil mesmo”, dando uma autorização tácita para o seu desinteresse e desengajamento. Esses mesmos pais precisam de apoio.
Talvez o maior desafio na nossa educação hoje seja a humanização das relações entre professores e alunos e entre professores e pais. As escolas precisam criar vivências que aproximem as pessoas, não apenas reuniões para reclamar das crianças.
Como fazer isso?
Cito o projeto Círculo da Matemática, em que se diz que “pequenas ações dão grandes resultados”: chamar os alunos pelo nome ou registrar no quadro uma resposta errada ou elogiar não o aluno, mas suas respostas são ações de gestão de sala de aula que promovem a inclusão. O fundamental é ter respeito ao aluno como um ser inteligente. Vários professores perdem esse respeito em condições hostis de sala de aula, o que leva ao embrutecimento das relações.

domingo, 14 de setembro de 2014

8 técnicas pra memorizar as coisas que você aprende

Técnicas para memorizar o que se aprende
Foto: The LEAF Project/ flickr/ creative commons)
Ana Freitas, na Galileu
Como anda sua memória? De acordo com estudo científicos, sua resposta só é honesta se você disser: mal, bem mal. É que pesquisas mostram que nos lembramos apenas de 10% daquilo que aprendemos. Os outros 90% são esquecidos rapidamente, logo depois que a gente aprende.
Infelizmente, não dá pra escrever esse argumento no vestibular e passar na faculdade, ou então dizer pro professor e esperar aprovação na prova. Especialmente no ensino tradicional, que quase sempre avalia a capacidade de reproduzir conteúdo, a memória é fundamental. Por isso, se você conhecer algumas técnicas que te ajudem a memorizar as coisas que você aprende, pode sair na frente. Confira:
1. Ler e ouvir não bastam
A melhor maneira de aprender é discutindo em grupo ou ensinando o que se está tentando aprender. É que se concentrar é muito mais fácil (mandatório, até) quando você está conversando com alguém sobre um tema ou explicando aquilo. Ler ou ouvir alguém falando é muito mais suscetível a distrações e interrupções no seu processo de concentração.
2. Ache um enfoque do assunto que lhe interesse
É mais fácil lembrar de algo do seu interesse do que de algo que não lhe interessa – óbvio. É por isso que, se você gosta de uma matéria, provavelmente tem muito mais facilidade em aprendê-la. Tente achar um enfoque dentro de um assunto que não te interesse tanto, um recorte ou uma abordagem que tenha mais apelo pro seu gosto pessoal. Depois, na vida adulta, se possível, estude só o que você gosta. A vida vai ser mais fácil.
3. Concentre-se
Deixe de lado as notificações do celular e foque no que está estudando. Se você estiver cansado ou distraído, é muito mais difícil para o cérebro fixar o conteúdo com o qual você está tomando contato.
4. Lembretes na hora certa
Há horas melhores e piores para se lembrar de algo que você aprendeu (e o resgate desse conteúdo ajuda você a fixar as coisas na memória). Se você precisa fixar algum conteúdo, a dica é: estude, estude de novo dali uma hora e depois de 24 horas. Ou use o SuperMemo, um site que calcula o tempo exato em que você vai se esquecer de algo e te ajuda a lembrar imediatamente antes de esquecer.
5. Descanse
Faça pausas entre os estudos. Não dá pra saber exatamente quanto e como você deve parar porque isso varia de indivíduo para indivíduo, mas uma boa técnica é estudar por 45 minutos, que é o tempo máximo que alguém consegue se focar em uma tarefa, na média, e dar uma pausa de 15 a 20 minutos antes de recomeçar. De novo, isso pode variar, então fique atento aos sinais da sua mente.
6. Antes de dormir, logo que levantar
Estudar nessas horas é uma boa maneira de fixar conteúdo, por causa das substâncias químicas liberadas pelo cérebro nesses horários.
7. Faça conexões entre o que você aprende e o que você já sabe
Aprender é um processo conectado, e não individual. Uma maneira excelente de fixar algo novo é conectando isso com algo que você já saiba ou conheça. Por exemplo: ao aprender uma palavra nova em outra língua, você pode tentar conectá-la com um som com que ela se pareça em uma língua que você já conheça, por exemplo.
8. Reflita sobre o que você aprendeu
Reserve 15 a 20 minutos entre cada sessão de estudo pra refletir sobre o que você acaba de aprender. Essa reflexão sobre o conteúdo, que provavelmente vai fazer você questionar e correlacionar o aprendizado com coisas que já sabe, também ajuda a fixar coisas na memória.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Quais são as leis mais estranhas do Brasil?

Publicado no Mundo Estranho
Em um universo com mais de 100 mil leis em vigor, normas curiosas não faltam. As mais estranhas acabam sendo aquelas aprovadas nos municípios, onde conseguir maioria nas câmaras de vereadores – que têm no máximo 55 membros – é mais fácil que no Congresso Nacional ou nas assembléias legislativas estaduais.
É nelas que acontece todo tipo de bizarrice, sobretudo nas pequenas cidades. Para montarmos nossa coleção de leis absurdas, entrevistamos advogados e professores de direito. Cada uma dessas pessoas nos enviou uma pequena seleção de regras esquisitas. Contamos ainda com a ajuda do livro Folclore Político, do jornalista Sebastião Nery, de onde saíram outros exemplos de leis malucas. Confira a lista e ria à vontade – se quiser, também pode chorar, porque é triste pensar que tem político criando pista de pouso para OVNI em vez de tratar de coisas mais importantes…
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Política maluca Vereadores já criaram aeroporto de disco voador e baniram a melancia do cardápio
ABAIXO A CAMISINHA!
Decreto Municipal 82/97 (Bocaiúva do Sul, PR)
Data: 19 de novembro de 1997
Preocupado com os baixos índices de natalidade em sua cidadezinha de 9 mil habitantes, o prefeito Élcio Berti proibiu a venda de camisinhas e anticoncepcionais. Tudo porque a prefeitura estava recebendo menos verbas do governo federal com o encolhimento da população. A maluquice gerou a maior gritaria e a lei teve de ser revogada 24 horas depois
AEROPORTO ALIENÍGENA
Lei Municipal 1840/95 (Barra do Garças, MT)
Data: 5 de setembro de 1995
O então prefeito dessa cidade de 55 mil habitantes criou uma reserva para pouso de OVNIs com 5 hectares na serra do Roncador, tradicional reduto de ufólogos. Para azar dos ETs, o “discoporto” ainda não saiu do papel
FOLIA COMPORTADA
Lei Municipal 1790/68 (São Luís, MA)
Data: 12 de maio de 1968
Na década de 60, o então prefeito Epitácio Cafeteira baixou o “código de posturas” do município. Entre outras coisas, ficou proibido o uso de máscaras em festas — exceto no Carnaval, ou com licença especial das autoridades. Para defender a medida (que virou letra morta), o prefeito argumentou que ela ajudava a “identificar bandidos”
PREGUIÇA ECOLÓGICA
Lei de Crimes Ambientais (Governo Federal)
Data: 12 de fevereiro de 1998
A lei que regula as punições para os crimes contra a natureza tem um agravante estranho: a pena aumenta para crimes aos “domingos ou feriados”. É o velho jeitinho brasileiro: com menos fiscais trabalhando nesses períodos, o governo elevou a pena para desestimular agressões ecológicas nas folgas da patrulha. É a única lei federal da nossa lista
EM DEFEZA DO PURTUGUÊIS
Lei municipal 3306/97 (Pouso Alegre, MG)
Data: 2 de setembro de 1997
A lei aprovada pela Câmara Municipal multa em 500 reais os donos de outdoors com erros de ortografia, regência e concordância. Para banners e faixas, a multa é menor: 100 reais — e os infratores têm 30 dias para corrigir os deslizes. Em 1998, o prefeito do Guarujá se inspirou na cidade mineira e reproduziu a mesma lei na cidade do litoral paulista
FRUTO PROIBIDO
“Lei da Melancia” (Rio Claro, SP)
Data: 1894
A inofensiva melancia, quem diria, foi proibida em 1894 na cidade de Rio Claro, no interior de São Paulo. No fim do século 19, a fruta era acusada de ser agente transmissor de tifo e febre amarela, doenças epidêmicas na época. Com o tempo, a lei virou letra morta
Ainda bem!
Três projetos de lei absurdos que felizmente não foram aprovados
• Em 2004, vereadores de São Paulo instituíram o uso de coletes com airbag para os motoboys. Em novembro, a proposta foi aprovada em votação na Câmara, mas tinha pouca chance de ser sancionada pela prefeitura e virar lei
• Em 1999, na mineira Juiz de Fora, os vereadores sugeriram que os cavalos e burros usassem fraldões para não emporcalhar as ruas. A iniciativa melou
• Na década de 90, em Teresina, no Piauí, os vereadores quiseram proibir a criação de abrigos nucleares no município. A proposta bombástica não foi aprovada.

domingo, 7 de setembro de 2014

Só tem mulher no Face de madrugada

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título original: Mulher não dorme, mulher dá um tempo
Mariliz Pereira Jorge, na Folha de S.Paulo
Perdi o sono às 4h da manhã e só consegui dormir novamente às 8h, quando seria hora de acordar. Fiquei num mau humor do cão, distribuindo grosserias pra quem estivesse em volta, com raiva da noite mal dormida, do dia cheio que tinha pela frente, do mundo que não parou pra que eu pudesse dormir.
Ansiedade, aqui me tens de regresso. Falta ar, dá palpitação, a cabeça gira com cenas repetidas, trechos de uma música irritante qualquer, diálogos imaginários, sem lógica, sem conclusão, o cérebro em pleno colapso. Um buraco no estômago que progride para gastrite. A mandíbula amanhece trincada. É bruxismo. Taí, só pode ser. É macumba. Colocaram meu nome na boca do sapo, mataram uma galinha, beberam o sangue.
Certeza que é isso. Vou pegar um galho de arruda, tomar um banho de mar, pedir pra que São Longuinho afaste esses urubus que atrapalham meu sono e minha vida. São Longuinho não tem nada a ver com isso? Mas não é ele o santo que encontra coisas perdidas? Perdi meu sono, minha paz, estão desaparecidos há dias.
Tenho poucas invejas na vida. Meu olho fica gordo em quem tira férias quatro vezes por ano, em quem tem cabelo bonito, em quem não roi unha e em quem dorme. Mas tenho mais inveja de quem dorme.
Mulher não dorme, mulher dá um tempo. A gente fecha os olhos, mas a vida continua. Quero encontrar no escuro respostas para os problemas que não tive a clareza de resolver durante o dia.
Entro no Facebook de madrugada. Só tem mulher. Todas reclamando da insônia. Não há chá de camomila e Rivotril no mundo que de conta de tanta mulher acordada.
Homem, não. Homem dorme. Brigo com meu marido, ele vira para o lado e apaga. Eu quero conversar, fazer as pazes, me atirar do 19º andar de insônia, e ele no 20º sono.
A bolsa caiu, o cara vira de lado e dorme. Levou um pé na bunda, vira para o outro lado e dorme. Foi demitido, dorme de roncar. Onde fica o maldito botão do desliga que funciona tão bem com eles?
A gente perde o sono por tudo. E se sabe que precisa dormir, daí é que não prega os olhos. Acorda parecendo um urso panda de tanta olheira. Não durmo quando estou muito triste, muito feliz, com muita cólica, muito preocupada, muito excitada, cansada demais. Basicamente, nunca. Sempre tem alguma coisa que extrapola o razoável. Rezo por dias de calmaria.
Dia desses alguém disse: passo o dia morrendo de sono e quando chega à noite tenho vontade de fazer um churrasco e sambar até amanhecer. Era mulher, claro, igualzinha a mim. Formô.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Limpar a casa pode fazer mal para a saúde

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publicado no Ciência Maluca
Da série “a ciência em prol dos seus vícios e preguiça”. Agora você já pode bater o pé quando insistirem para você limpar a casa, depois daquele dia exaustivo de trabalho. Afinal, preocupação com a saúde nunca é demais, né?
E, claro, a prova vem da ciência. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, acompanharam 30 casais, que trabalhavam fora de casa e tinham pelo menos um filho na faixa etária entre 1 e 10 anos. Eles avaliaram as atividades pós-expediente e os níveis de cortisol (hormônio do estresse) em cada um dos casais. E, olha só, quem fazia faxina na casa depois do trabalho, ao invés de relaxar, não conseguia diminuir o estresse acumulado do dia inteiro. Pior: na manhã seguinte, tinham menos energia e disposição do que os outros casais.
A pesquisa ainda enfatiza: “nosso corpo não responde bem quando tem uma produção alta de cortisol o tempo todo; depois de altos níveis durante o dia, espera-se que ele caía durante a noite”. E se continuar assim, segundo a pesquisa, seu organismo vai ficar mais fraco e você pode até morrer antes da hora.
E aí, se convenceu? Eu acho melhor não arriscar…