quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Padre excomungado reúne cerca de 500 em 1ª missa alternativa


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Publicado no Terra
Excomungado pela Igreja Católica em Bauru, no interior de São Paulo, Roberto Francisco Daniel, 49 anos, mais conhecido como padre Beto, atendeu ao apelo dos inúmeros fiéis que o acompanham e realizou no domingo uma missa alternativa. Fora da igreja há quase dois anos, ele reuniu cerca de 500 pessoas no salão do clube poliesportivo Greb (Grêmio Recreativo Energético de Bauru).
O espaço ficou pequeno para as pessoas que se aglomeravam na porta de entrada e nos corredores laterais. Além dos fiéis que já o conheciam antes de ser expulso da Igreja e frequentavam as missas – costumeiramente nas paróquias de São Benedito e Santo Antônio – muitos foram pela primeira vez. É o caso do músico Tiago Abreu, 28 anos, e do irmão dele, o comerciante Fábio Abreu, de 39, que viajaram 200 km entre Paraguaçu Paulista (SP) e Bauru.
“Fui criado na Igreja Católica, mas me considero um ‘católico herege’. Não frequento as missas. Sou contra algumas normas da igreja – como o celibato e a proibição da ordenação de mulheres. Por isso me identifico com ele e com o que prega”, disse Tiago.
“Ele traz a Bíblia para o tempo de hoje. Isso faz com que a gente reflita. Alguns padres fazem isso, mas não é como ele. Inclusive, acho que o processo de excomunhão não chegou nas mãos do papa Francisco, porque ele se mostra tão aberto para alguns assuntos. O padre Beto é um homem de Deus, não merecia isso. Mas estamos muito felizes que ele voltou a fazer missas”, conta o eletricitário aposentado José Carlos Dias, acompanhado da esposa, a professora Cátia Dias.
“Acompanhávamos o padre Beto desde que ele chegou em Bauru, há muitos anos. Nos sentimos excomungados também. Sentimos muito a falta dele. Nem fomos mais às missas, só quando viajámos pra casa de alguns parentes em outras cidades é que a gente acabava indo lá”, disse ela.
Antes da celebração padre Beto fez questão de recepcionar grande parte dos fiéis e logo no início da missa foi saudado com uma salva de palmas.
O ex-clérigo seguiu boa parte dos ritos tradicionais da Igreja Católica, usando, inclusive, a túnica e a casula (vestes de bispos e sacerdotes) e as mesmas leituras estipuladas para este domingo (Profecia de Jonas e Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios).
Mas deixou de lado ritos como a Profissão de Fé (oração do Credo), o Salmo Responsorial e alguns cânticos. Porém, optou por músicas como “Tempos modernos” e “Toda forma de amor”, de Lulu Santos, “A paz”, com Zizi Possi, “Eu quero apenas”, de Roberto Carlos, e a comunhão foi ao som de “Imagine”, de John Lennon. A escolha agradou aos fiéis que cantaram junto com os quatro músicos – todos voluntários, assim como os amigos que ajudaram na organização.
“A mensagem dessa primeira missa é que estamos nesse mundo para fazer o bem e construir o reino de Deus. O reino de Deus não é uma igreja, é uma sociedade igualitária onde as pessoas possam viver bem. Falando em algo mais concreto, o nosso País é a sétima potência no mundo, mas deveria ser a sétima potência para todos e não só para alguns”, criticou.
Visivelmente emocionado ele agradeceu a todos no final da celebração. “Meu coração está explodindo de alegria. É uma satisfação que não tem como expressar em palavras. Só se sente. Nada me para. Ainda mais com todo esse povo aqui”.
O salão onde a celebração foi realizada foi alugado ao preço de R$ 500 por dia. Foram ofertados pelos frequentadores neste domingo R$ 1.132,24 que, segundo o ex-clérigo, serão usados para custear as despesas com o aluguel e com a compra das hóstias. “Na próxima missa vamos fazer uma lista de entidades assistenciais da cidade, de qualquer denominação, para destinarmos ao final do mês o valor que sobrar. Não vivo das missas, vivo das aulas que dou”, explica.
A aposentada Dinha Zanetti pretende conciliar as idas aos cultos do religioso, com as missas na paróquia de São Benedito. “Ainda estou revoltada com o que aconteceu com o padre Beto. Eu defendo tudo o que ele fala. Deus é um só”, disse.
O pastor evangélico e presidente da Associação Bauru pela Diversidade (ABD), Júnior Aloisio Marquiori da Silva, também assistiu à celebração. “Foi maravilhoso. Não mudaria uma vírgula do que ele disse. Ele abordou temas que precisam ser amadurecidos e liberdades que precisam ser faladas”, elogiou.
Nova igreja?
A primeira celebração havia sido marcada para o último dia 18, em um buffet, mas não aconteceu porque os donos da empesa preferiram ficar longe da polêmica.
Apesar das missas alternativas, padre Beto não tem intenção de fundar uma nova igreja. “Estamos aqui para refletir sobre a palavra de Deus e comungar. E para sermos melhores lá fora. Nós não temos camisa, não temos marca, não temos distintivos. Somos pessoas humanas e queremos ser filhos de Deus”, justifica. “Tem tantas igrejas no Brasil e eu não vejo nenhuma solução concreta que elas estão dando. Só divisão. Eles podem ter uma boa convivência entre aspas, mas no fundo todo mundo se odeia”, criticou.
Porém, o religioso adiantou que caso haja algum questionamento na Justiça, ele não irá titubear para abrir uma nova denominação. “Juridicamente falando, mas vai ficar lá no papel”, afirmou.
A princípio as missas serão todos os domingos, às 19h30. Porém, o padre não descarta a possibilidade da abertura de um leque maior, com a realização de duas missas, uma na sequência da outra aos domingos, ou quem sabe, uma delas durante a semana.
Relembre o caso
Roberto Francisco Daniel se afastou da Igreja Católica em abril de 2013 depois de ser repreendido pela diocese local por declarações publicadas na internet. Em redes sociais, ele contestou os princípios morais conservadores da igreja e opinou sobre assuntos considerados polêmicos entre os fiéis, como bissexualidade, homossexualidade e infidelidade.
Pouco tempo depois o bispo de Bauru, Dom Caetano Ferrari, o excomungou. Na época, Beto chegou a recorrer à Justiça comum, onde entrou com um processo contra a diocese para tentar reverter a expulsão. O padre alegava não ter tido direto à defesa e que tomou conhecimento da excomunhão por meio da imprensa local, através de um comunicado publicado no site da diocese.
A excomunhão só foi ratificada pelo Vaticano em novembro de 2014 e não cabe mais recurso.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Menina de 18 anos se prepara para casar com seu próprio pai após dois anos de namoro

Depois de 12 anos afastados, a jovem americana e seu pai se conheceram e passaram uma semana juntos - tempo suficiente para, segundo ela, se apaixonarem e terem a sua primeira relação sexual. Quase dois anos depois, eles planejam se casar e ter filhos biológicos

"AS PESSOAS PRECISAM PESQUISAR MAIS SOBRE INCESTO E GSA", DIZ GAROTA QUE SE PREPRARA PARA CASAR COM O PRÓPRIO PAI (Foto: Thinkstock)

Na década de 80, Barbara Gonyo, fundadora de um grupo de apoio a crianças adotadas que tiveram a chance de conhecer os pais biológicos, cunhou o termo “Atração Sexual Genética” (GSA - sigla em inglês). Segundo ela, ele diz respeito aos intensos sentimentos amorosos e sexuais observados nas reuniões de reaproximação. Em entrevista ao The Guardian, contou que este sentimento tabu ocorre em 50% dos casos em que parentes afastados se reencontram na fase adulta. É exatamente esta a realidade vivida por uma garota americana de 18 anos.
Em entrevista à The New York Magazinea jovem da região dos Grandes Lagos, nos Estados Unidos, deu todos os detalhes do relacionamento de dois anos com o seu pai biológico, que ela conheceu 12 anos depois de completo afastamento. Um relato bastante perturbador.

Nos dois primeiros anos de vida, e
la foi criada pelos avós por conta do descontrole da progenitora e teve um breve contato com seu pai entre os 3 e 5 anos de idade.Mas os encontros eram sempre conturbados e marcados por discussões do ex-casal. Logo, as visitas cessaram.Os pais da menina se conheceram no colégio, aos 18 anos, e a conceberam na noite da festa de formatura. Eles tinham um relacionamento sério há seis meses, mas romperam durante a gravidez. “Eu acho que os problemas psicológicos da minha mãe contribuíram para que a relação não funcionasse. Ela sofre de bipolaridade e outros problemas mentais”, disse. “Eles não eram felizes e não mantiveram o contato depois do meu nascimento.”
“Quando eu tinha uns 15 anos, ele escreveu para a minha mãe dizendo que gostaria de me ver. Eu disse que sentia falta dele e não me importaria em encontrá-lo. Ela me perguntou como eu poderia sentir saudades de alguém que eu mal conhecia, que eu não via há muito tempo. Mas a minha carência era de uma figura paterna.” Sua mãe sempre se relacionou com os caras errados e ela nunca conseguiu se sentir próxima dos padrastos.
Até que aos 17 anos, ela teve a chance de reencontrar o pai biológico. “Minha mãe era muito controladora. Ela tinha a senha do meu Facebook, desde a criação da conta. Um dia, depois de recuperar os meus privilégios de acessar a rede social, ele me adicionou como amigo. A princípio, pensei que fosse o meu avô, por causa do nome similar. Só depois me dei conta de que se tratava do meu pai. Eu disse que achava que ele estava morto e perguntei por que ele demorou para entrar em contato. Ele disse que sempre tentava me adicionar, mas eu sempre rejeitava o convite. Era a minha mãe controlando o meu perfil
Os dois passaram cinco dias juntos. “Ele estava morando com a namorada. Na primeira noite, dormiu no sofá e eu no chão, só para ter a certeza de que estava tudo bem. Dormir em lugares diferentes me deixava ansiosa e eu pedi para que ele ficasse comigo, caso eu tivesse pesadelo durante a noite. Na segunda noite, ele dormiu no sofá novamente. E no terceiro dia, eu me vi dormindo com ele no chão, deitada em seu peito, nos braços. A quarta noite passamos no chão de novo. Desta vez, nós realmente nos abraçamos. Quando acordamos, estávamos de conchinha. Eu não soube disso na hora, mas depois que nos declaramos, ele confessou ter tido uma ereção. [Não senti nada]. Eu estava dormindo e ele foi discretamente ao banheiro.”O contato seguiu via internet e eles descobriram vários gostos em comum. Se encontraram uma semana depois. Passaram o dia todo abraçados. “Descobrimos que somos muito parecidos.” Foi aí que a menina pediu para passar uma semana com ele, que vivia há 30 minutos de distância da sua casa. “Acho que minha mãe sabia que eu iria me mudar. Chegamos a um ponto onde eu precisava escapar, ela era muito controladora.”
Na noite seguinte, enquanto brincavam de lutinha, antes de se deitarem, ela o mordeu. “Eu pude vê-lo arrepiado dos dedos dos pés aos ombros. Em seguida, ele beliscou minha coxa e eu me arrepiei toda. Paramos e dissemos que não sabíamos o que estava acontecendo, mas admitimos que sentíamos algo forte um pelo outro. Discutimos se isso era certo e nos beijamos. Depois, fizemos amor pela primeira vez. Foi quando eu perdi a virgindade.
Ela nunca teve vida social, namorou um garoto durante dois anos, mas foi traída. Em seguida, se relacionou com uma garota, mas ela era muito religiosa e o namoro não vingou.
Em depoimento, ela confirmou que eles se sentiram completamente apaixonados, sentimento que causou o fim do namoro do pai, na época. A mãe e a família materna os veem como pai e filha; já a família paterna os aceitam como um casal e “estão ansiosos para que tenhamos filhos”.Há uma razão para eu ter perdido a virgindade com ele - eu nunca me senti confortável com outro homem. Foi incrivelmente sensual. Nós dois tivermos orgasmos”, relatou. E disse que em nenhum momento foi coagida ou sentiu estranheza. “Foi natural. Não foi um tabu. Senti como se estivesse fazendo amor com um homem com que eu estava junto há anos.
Quase dois anos depois do início do relacionamento, eles planejam se casar. “Quero um casamento completo, mas não legalmente registrado. Não acredito que um pedaço de papel prove que você deseja ficar com a pessoa que ama.” Para isso, pretendem se mudar para New Jersey, onde podem se sentir seguros perante a lei. “O incesto entre adultos não é considerado ilegal por lá. E assim que estivermos lá, vou contar a todo mundo.”
O desejo do casal é também ter filhos biológicos. Eles não temem risco algum. “Eu não correria o risco de ter um filho, se eu soubesse que seria prejudicial. Eu pesquisei sobre isso. Todo mundo pensa que as crianças nascidas em relações incestuosas, certamente, terão problemas genéticos, mas isso não é verdade. Isso acontece quando há anos de consanguinidade, como com a família real.”
Mas ela garante que, às vezes, o procura como filha. “Quando eu preciso do meu pai, eu digo, ‘Ei, pai, preciso de você’. E nessa hora, ele não é meu noivo ou namorado, mas meu pai.”
Hoje, ela está com 18 anos e ele com 37, mas garantem que a diferença de idade não faz a menor diferença. “Eu nunca me senti dessa forma com ninguém.”
Quanto aos julgamentos, ela diz: “Eu não entendo por que estou sendo julgada por ser feliz. Somos dois adultos que salvaram um ao outro. As pessoas precisam pesquisar mais sobre incesto e GSA, porque eles não sabem do que se trata e não entendem como acontece. Quando você tem 18 anos, você sabe o que quer. Você é adulto diante da lei. Eu posso cuidar de mim mesma. Não preciso se proteção. Se eu estivesse em uma situação da qual eu tivesse que sair, eu sairia. Não tenho medo de me defender.”
Redação Marie Claire