domingo, 31 de maio de 2015

7 Curiosidades Sobre Sexo

Infinitamente fascinante e sempre controverso, há um milhão e uma maneiras de falar sobre sexo.
sexo

Mesmo que você se considere um expert total em sexo, há sempre algo novo para aprender.


De todas as maneiras loucas que pode melhorar sua saúde para as coisas francamente estranhas que acontecem durante o ato, leia nossa lista com sete curiosidades sobre sexo:
1 – Sexo reduz o estresse
No topo da óbvias, além dos benefícios físicos, uma pesquisa mostra que o sexo acalma os nervos, reduz a pressão arterial e reduz o estresse. Pegue o seu parceiro antes de uma grande apresentação no trabalho.
Num estudo os participantes que fizeram sexo antes de uma experiência de falar em público foram os menos estressados.
2 – Pode fazer você se sentir melhor quando está doente
Estudos mostram que a excitação e o orgasmo impulsionam o seu sistema imunológico.
E enquanto isso significa que o sexo pode ser bom para você quando você se está sentindo um pouco gripado, definitivamente deve saber quando optar por uma sopa de frango e uma dormida, em vez de uma cura sexual.
3 – Depois de uma ida ao ginásio é altura ideal para o sexo
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O fluxo sanguíneo para a sua região genital é maior depois de um treino, de acordo com um estudo, fazendo sua função sexual aumentar.
Para não mencionar, seus níveis de testosterona que sobem rapidamente durante o exercício, então você definitivamente vai estar no clima.
4 – O amor torna o sexo melhor
Um recente estudo apresentado na reunião anual da Associação Americana de Sociologia descobriu que o sexo mais alucinante vem de estar apaixonada pelo seu parceiro.
5 – Sente menos dor durante o sexo
Você já se perguntou por que coisas como palmadas e puxões de cabelo vão de dor má a dor boa quando levadas para o quarto? Isso porque o seu limiar de dor pode aumentar significativamente durante a excitação, de acordo com um estudo publicado no Journal of Sex Research.
6 – Casos de uma noite podem dar em casamento
Você pode pensar que um caso de uma noite e assentar são coisas muito diferentes, mas verifica-se que um terço dos casais foram originalmente casos passageiros, de acordo com um relatório do National Marriage Project. Ok, então nem todos os casos de uma noite são material para casamento, mas não exclua essa possibilidade.
7 – Camisinhas não afetam muito o prazer
sexo
Da próxima vez que um cara reclamar sobre usar camisinha, lhe mostra este estudo que descobriu que homens e mulheres gostam de sexo tanto com camisinha como sem. Na verdade, os preservativos podem até melhorar o sexo, graças a novas inovações, de reforço do prazer.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

A Sociedade dos Filhos Órfãos

filhos órfãos

“O amor é uma construção contínua que se fortalece diariamente com responsabilidade e comprometimento. Para dedicar tempo aos filhos, é preciso deixar outras coisas de lado. Cada filho é uma pessoa única. Por isso não há soluções fáceis nem receitas. Nossos filhos nos ensinam a ser pais. Querer que um pediatra, um professor, um psicólogo, a televisão, a internet, uma babá, os avós ou a escola se encarregue dos filhos é buscar uma solução fácil. Pais que procuram esse tipo de solução provam que o problema são eles, e não os filhos. Os filhos nunca são o problema. O grande e maior problema (vício em drogas, alcoolismo, violência juvenil, acidentes de carro, comportamento de risco, doenças novas como obesidade infantil ou déficit de atenção, entre outros) não está nos filhos, nas crianças ou nos adolescentes. Estão nos pais. Hoje, pela primeira vez podemos dizer, infelizmente, que os filhos com pais presentes que cumprem suas funções são uma minoria.”

linha
O escritor Sergio Sinay, 66 anos, é um especialista em vínculos humanos. Sociólogo e jornalista, formou-se na Escola de Psicologia da Associação Gestáltica de Buenos Aires. Requisitado consultor sobre assuntos familiares e relações pessoais, tem vários livros publicados. O mais novo, Sociedade dos Filhos Órfãos, que acaba de sair em português (Editora BestSeller), é uma dura crítica ao modo de vida da atualidade, em que pais delegam a educação e a atenção aos filhos para babás, escolas e até para as novas tecnologias – como celular, televisão e computadores. Esse comportamento transmite aos filhos a noção errada de que basta ter dinheiro para encontrar quem se encarregue daquilo que nos cabe fazer, afirma Sinay, em seu livro.
Casado e pai de um jovem, Sinay diz que o amor é uma construção contínua que se fortalece diariamente com responsabilidade e comprometimento. “Para dedicar tempo aos filhos, é preciso deixar outras coisas de lado”. A seguir trechos da entrevista concedida ao Mulher7x7.
Há uma geração de filhos sem pais presentes nascendo ou ela sempre existiu?
Sempre houve pais que não assumem responsabilidades e sempre haverá. Mas nunca houve como hoje um fenômeno social tão amplo e profundo a ponto de criar uma geração de filhos órfãos de pais vivos. Pela primeira vez podemos dizer, infelizmente, que os filhos com pais presentes que cumprem suas funções são uma minoria.
Até que ponto a relação dos pais com os filhos reproduz um estilo de vida da atualidade?
Vivemos numa cultura do utilitarismo, em que se busca o material a qualquer preço e por qualquer caminho. As pessoas se medem pelo que possuem e não pelo que são. Os pais correm atrás do material e descuidam de seus filhos que, por sua vez, aprendem a valorizar apenas o bem material. Essa é a fórmula para criar filhos materialistas.
Em vários trechos do livro, o senhor diz estar convencido de que muita gente ficará irritada com o que está escrito. Por quê?
Porque muita gente não gosta de escutar ou ler o que precisa, apenas o que gosta. Os pais de filhos órfãos, em sua maioria, não admitem sua própria conduta e acreditam que ser pai e mãe consiste em comprar coisas para os filhos, matriculá-los em escolas caras, dar celulares e computadores modernos.
O senhor relaciona o fracasso dos pais na educação dos filhos ao medo que eles têm da reprovação infantil. De onde vem esse medo e como fugir dessa armadilha?
O medo vem de uma cultura que transformou as relações humanas em transações comerciais. As pessoas se  enxergam como recursos ou clientes. Os pais tratam de comprar o amor dos filhos e temem que o cliente não esteja contente. O carinho dos filhos não se compra. Amor se constrói com presença, atitudes e assumindo a responsabilidade de liderar o caminho dessa vida em direção à autonomia. Para isso, há que se estabelecer limites, marcar as fronteiras, frustrar. Criar e educar é também frustrar, ensinar que nem tudo é possível. Só assim se ensina a escolher. E só quem escolhe pode ser livre. Os pais, no entanto, têm medo de não ser simpáticos, então se esquecem de ser pais, que é o que os filhos precisam.
Ao se referir ao modelo do passado, em que as mães eram o retrato do sacrifício, e os pais, da disciplina ainda que com distância emocional, o senhor diz que todos sabiam seu papel, algo não acontece hoje. Aquele modo de educar era de alguma forma melhor?
Aquele modo de educar tinha muitas limitações e era muito rígido em muitos aspectos. Mas se sabia claramente quem eram os pais e quem eram os filhos. Os pais não tinham medo de atuar como pais, ainda que às vezes cometessem excessos em sua autoridade. Mas é sempre mais fácil corrigir um excesso do que superar uma ausência. Alguém pode mudar um modelo pobre ou insuficiente. Muito mais grave é não ter modelo.
Ao abordar o problema de jovens envolvidos com drogas e violência, o senhor diz que a solução é os pais terem mais controle sobre o que eles fazem e onde vão. Como não resvalar para a superproteção?
A infância e a adolescência são etapas muito breves da vida e necessárias para o amadurecimento biológico, psíquico e cognitivo. Seremos adultos a maior parte da nossa vida. A adolescência termina entre os 18 e os 19 anos. Quando os pais são ausentes ou não cumpriram suas funções, vemos adolescentes imaturos de 30 ou 40 anos. Se os pais pegam no leme do barco, e realizam esse trabalho com amor, ao fim da adolescência, seus filhos serão pessoas com ferramentas para caminhar pela vida. Terão muito por aprender ainda, mas terão boas bases e um bom sistema imunológico contra os principais perigos sociais. Os limites do controle vão mudando com a idade dos filhos e vão se flexibilizando até desaparecer por completo. Para saber quando e como modificá-los, há que estar presente.
Ao propor que os pais busquem interagir com outros pais para a realização de programas em comum e conversas que afinem experiências e atitudes, o senhor está sugerindo que educar é, de alguma forma, uma obra coletiva?
Educar é uma missão intransferível de quem, biologicamente ou por adoção, criou um vínculo de maternidade e paternidade. A responsabilidade é sempre individual. Conversar com outros pais e empreender projetos comuns, ajuda a afirmar a tarefa e permite a troca de experiências úteis.
Nas grandes cidades, em que muitos pais sequer comparecem às reuniões na escola, não é uma utopia propor essa interação entre os pais?
Sem utopias, não se avança. E se cruzarmos os braços, perdemos a batalha. Muitos casais responsáveis e amorosos se sentem sozinhos, não concordam com o que vêem outros pais fazendo e seguem adiante com suas convicções. Por isso, há que falar e propôr interação, dizer a eles “vocês estão num bom caminho”, compartilhem isso. Quando esses pais começarem a falar descobrirão que muita gente pensa assim também, mas estava em silêncio.
É o caso de uma família evitar certos círculos de pessoas e lugares, e até cidades, se achar que a vida do filho está indo pelo caminho errado?
Não se pode ter medo de tomar decisões, dizer não, proibir certas relações perigosas. Os filhos vão protestar, tentarão transgredir. Isso não é um problema, é parte do processo. Os filhos sempre buscarão transgredir para crescer. O problema é quando os pais viram o rosto, olham para o outro lado, não estabelecem limites ou têm medo dos filhos. Ser pai com amor e presença não significa converter-se em uma pessoa simpática, em um animador de televisão. Às vezes, há que se tomar medidas duras.
O senhor diz que muitos pais usam a suposta importância da qualidade do tempo ao lado do filho para justificar a ausência. O que é qualidade de tempo com o filho, na sua opinião?
Não há qualidade sem quantidade. Em qualquer tarefa para alcançar qualidade é preciso tempo, compromisso, dedicação. O famoso “tempo de qualidade” de que falam muitos pais – e que inclusive tem o apoio de pediatras e psicólogos infantis – é uma desculpa para que os pais não se sintam culpados. Os pais são adultos e um adulto sabe que na vida não se pode tudo. Há que optar. Para dedicar tempo aos filhos, é preciso deixar outras coisas de lado. O “tempo de qualidade” são cinco minutos nos quais os pais culpados dão tudo aos filhos para evitar o conflito. Isso faz muito mal aos filhos. Se não há tempo, não há qualidade. E se não há tempo para os filhos, é preciso pensar antes de se tornar pais. Depois é tarde.
Mas muitos pais não escolhem seus horários, o tempo que perdem no trânsito e, por falta de opção, ficam menos com os filhos do que gostariam. O senhor não acha que os filhos aprendem a diferenciar os pais que nunca estão porque não querem dos pais que não estão porque não podem?
A responsabilidade de ser pais nos obriga a fazer escolhas. É verdade que os pais são demandados por muitas atividades. Mas eu pergunto “são todas obrigatórias?”. Muitas vezes, trabalha-se demais para pagar o que não é necessário. Ser pai e mãe é uma oportunidade para aprender a diferenciar os desejos das necessidades. É uma oportunidade para aprender a diferenciar o que a publicidade vende do que realmente precisamos. Tudo que requer nosso tempo é imprescindível? Podemos trabalhar menos enquanto criamos os filhos pequenos? É possível dividir melhor o tempo entre pais e mães? Por que tem que ser sempre a mãe a que duplica suas tarefas? Por que podemos dizer “não” ao tempo que nossos filhos exigem de nós em vez de dizer “não” aos outros? Se os pais têm sempre tempo para suas obrigações e nunca para seus filhos, os filhos aprendem que essas outras coisas (trabalho, reuniões, encontros sociais, esportes etc) são mais importantes do que eles porque nunca podem ser adiados. Não é obrigação dos filhos compreender os pais (ainda mais quando são pequenos). É obrigação dos pais atender às necessidades dos filhos.Por isso é preciso pensar antes de ser tornar pai e mãe.
O senhor critica também a estratégia de entreter as crianças com DVDs em viagens para elas ficarem quietas. Vemos esse comportamento da não-interação se estendendo à mesa de restaurantes, festas. Onde está o erro dessa atitude?
Ser pai e mãe é um trabalho. Não se pode delegar esse trabalho às novas tecnologias. Essas tecnologias muitas vezes nos conectam mas nos tornam incomunicáveis. Isso se vê especialmente nas famílias, onde todos têm celulares e computadores, mas não mantêm diálogos nem proximidade.
O senhor diz que escola não educa, ensina. O que não se deve esperar da escola?
Educar é transmitir valores por atitudes, vivendo os valores que pregamos. Educar é ensinar que as pessoas são o fim, e não o meio, algo que se passa por vínculos. Educar é transmitir a certeza de que cada vida tem um sentido e há que viver a busca desse sentido. Isso é educar, é o que fazem os pais com presença, ações e condutas. A escola é a grande socializadora que ensina a viver a diversidade e a respeitá-la, que treina habilidades para viver e atuar no mundo, que dá informação vital sobre esse mundo e que é uma ponte para ele. A escola e os pais são sócios, não podem se separar, nem se enfrentar. Tem que atuar de um modo cooperativo. Os filhos são alunos da escola, não clientes. A escola não é um parque de diversões, nem creche, nem shopping. A escola não pode fazer a vez do pai e da mãe. Os pais não podem pedir à escola que ocupe o lugar que eles deixam vago. Pais que não respeitam as escolas ensinam seus filhos a não respeitar as instituições.
Que mensagem o senhor daria para os pais que, sem perceber, estão deixando os filhos de lado acreditando estarem fazendo a coisa certa?
Eu os recordaria que ser pai e mãe foi uma escolha. Em pleno século 21, quem não quer ter filhos não tem, de modo que não há desculpas. Quem tem filhos tem responsabilidades sobre uma vida. Essa vida precisa de respostas. E diria que só há uma maneira de aprender a ser pai e mãe: convivendo com os filhos, estando presentes em suas vidas, errar, pedir desculpas, reparar o erro e seguir adiante, sempre com responsabilidade e presença.
Em seu livro, o senhor deixa claro que educar é um processo contínuo que exige envolvimento e dá trabalho, mas é fato que muita gente opta por soluções fáceis. Que soluções fáceis devem ser postas de lado?
Filhos não vêm com manual de instruções. Cada filho é uma pessoa única. Por isso não há soluções fáceis nem receitas. Nossos filhos nos ensinam a ser pais. Querer que um pediatra, um professor, um psicólogo, a televisão, a internet, uma babá, os avós ou a escola se encarregue dos filhos é buscar uma solução fácil. Pais que procuram esse tipo de solução provam que o problema são eles, e não os filhos. Os filhos nunca são o problema. O grande e maior problema (vício em drogas, alcoolismo, violência juvenil, acidentes de carro, comportamento de risco, doenças novas como obesidade infantil ou déficit de atenção, entre outros) não está nos filhos, nas crianças ou nos adolescentes. Estão nos pais.
É possível impor limites sem ser chato?
Aquele que impõe limites não recebe sorrisos nem aplausos, mas assume responsabilidades e logo colherá frutos.
O senhor afirma que o amor é uma construção. O senhor acredita em amor incondicional?
Como bem dizia Alice Miller, uma extraordinária psicóloga suíça que morreu no ano passado, aos 83 anos, e era uma grande defensora dos filhos, o único amor incondicional que existe é dos filhos para os pais. As crianças precisam muito mais dos pais: para crescer, ser guiadas, ter proteção, ser alimentadas, receber valores e, sobretudo, ser amadas. Os filhos não precisam provar seu amor aos pais, mas se os pais amam seus filhos devem dar a eles provas desse amor, acompanhando seu crescimento, transmitindo-lhes valores, colocando limites, frustrando quando necessário, oferecendo um modelo de vida que faça sentido. Sem isso, o amor será apenas palavras.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Menino de 5 anos emociona lanchonete ao pedir para mãe comprar lanche para morador de rua

Josiah Duncan avistou o homem do lado de fora do local, convidou-o a comer e ainda rezou com ele
Publicado em O Globo
Menino rezou com morador de rua - Reprodução/Ava Faulk
Menino rezou com morador de rua – Reprodução/Ava Faulk
É normal que crianças de 5 anos façam perguntas – muitas que não são banais ou que os pais simplesmente não sabem responder. Como que o bebê chega à barriga da mãe? O que acontece quando nós morremos? A americana Ava Faulk passou por isso recentemente. O pequeno Josiah Duncan avistou um homem do lado de fora da lanchonete Waffle House, no Alabama, Estados Unidos. Ele estava sujo e segurava apenas uma sacola, ao lado de sua bicicleta. Confuso com a aparência dele, o menino começou a bombardear a mãe com perguntas.
“Ele é um morador de rua”, explicou Ava Faulk. Não satisfeito, ele retrucou: “E o que isso significa?”. “Bem, quer dizer que ele não tem uma casa”, a mãe continou. Ava escreveu um e-mail para a emissora local WSFA 12 News falando sobre a atitude do filho, incluindo as diversas dúvidas que a criança tinha. “Onde é a casa dele? Onde está a família dele? Onde ele guarda suas compras?”. Mas a mãe disse que uma coisa chateou ele em especial.
“Ele não tem comida”, o jovem lamentou. Após pedir para que Ava comprasse uma boa refeição para o homem, ele entrou e sentou à mesa, mas ninguém foi atendê-lo. Josiah, então, levou o cardápio até ele e falou que ele não conseguiria pedir sem um menu.
O cliente desconhecido inicialmente pediu um hambúrguer simples para desfrutar. Mas com um pouco de persuasão tanto de Josiah quanto de Ava, o homem faminto se sentiu confortável para pedir qualquer coisa que quisesse.
“Posso comer bacon?”, Ava lembrou-se dele perguntando. “E eu disse que ele podia ter o tanto de bacon que quisesse.”
Antes que o homem desse a primeira mordida, Josiah tinha mais uma atitude carinhosa guardada. Ele queria compartilhar sua fé com o estranho que havia acabado de conhecer.
“Deus, nosso Pai, Deus, nosso Pai, nós te agradecemos”, falaram juntos na frente de pelo menos 11 clientes. “Agradecemos a você pelas nossas muitas bênçãos, pelas nossas muitas bênçãos, amém, amém.”
Após muitas lágrimas de todos presentes, o morador de rua deixou o restaurante com o estômago cheio. E a memória desse dia vai durar no coração da mãe:
“Assistir ao meu filho tocar as 11 pessoas que estavam na Waffle House vai ser para sempre uma das maiores realizações como mãe que eu vou testemunhar. Você nunca sabe quem é o anjo na Terra, e quando a oportunidade vem você não deve nunca dar as costas para ela”.
Ava Faulk posa com Josiah Duncan - Reprodução/WSFA 12 News
Ava Faulk posa com Josiah Duncan – Reprodução/WSFA 12 News

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Grupo faz rotas noturnas a fim de tirar 'invisibilidade' de moradores de rua.

Com doação e papo, Entrega por SP quer 'distribuir sorrisos' pela cidade.
Integrante do grupo Entrega por SP conversa com moradores de rua ao fundo enquanto amigos buscam materiais para doação dentro do carro. Uma vez por mês, dezenas de jovens se organizam para percorrer a cidade na madrugada entregando doações e conversando (Foto: Fábio Tito/G1)


Integrante do grupo Entrega por SP conversa com moradores de rua ao fundo enquanto amigos buscam materiais para doação dentro do carro. Uma vez por mês, dezenas de pessoas se organizam para percorrer a cidade na madrugada entregando doações e conversando (Foto: Fábio Tito/G1)
CONHEÇA O ENTREGA POR SP
- Grupo usa rede social para juntar doações e mão de obra;
- Lucas Caldeira teve ideia em noite de frio sob 2 cobertores em 2013;
- Conversar e conhecer beneficiados é preocupação nas saídas mensais.
Em um ponto entre Pacaembu e Higienópolis, bairros nobres da Zona Oeste de São Paulo, um rosto já bem conhecido por quem passa por ali mantém dia e noite um olho nos carros parados na rua. Alzira Francisca de Jesus, de 59 anos, guarda há 11 anos os veículos parados em frente ao local onde ela mora desde então - os arredores de um prédio que se encontra desocupado, mas que até poucos anos atrás era uma unidade das Lojas Americanas.
Alzira Francisca de Jesus posa para fotos na esperança de rever familiares com quem perdeu o contato há décadas. 'Pode escrever aí, o nome da minha mãe é Ana Rosa Maria de Jesus e o do meu pai, João Francisco de Jesus. Eles são de Cândido Sales, na Bahia' (Foto: Fábio Tito/G1)Alzira Francisca de Jesus posa para foto na
esperança de reencontrar familiares de Cândido
Sales, na Bahia, que não vê há décadas
(Foto: Fábio Tito/G1)
Em cerca de 20 minutos de conversa com um desconhecido, dona Alzira conta da amizade com alunos da faculdade vizinha, das pessoas que vivem ali com ela, da família que não vê há décadas no interior da Bahia, dá conselhos lembrando de quando chegou a São Paulo aos 17 anos... De desconhecida que não queria aparecer na foto, logo se solta e passa a distribuir abraços e dar risadas, transforma-se em modelo posando na rua para a câmera, esperando que alguém da família no Nordeste a reconheça e procure.
"Desde que vocês começaram já deu pra ver que ajudou muito, não só nós aqui. Vai fazer dois anos, não vai? Tá vendo como eu lembro?", diz com o sorriso que não sai do rosto. Ela se refere ao grupo que passou a aparecer por ali uma vez por mês com doações e com o interesse em conversar e conhecer melhor pessoas como ela, que moram nas ruas de São Paulo.
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Às 21h da última terça-feira do mês, dezenas de pessoas se reúnem na Praça Charles Miller, no Pacaembu, e organizam uma 'linha de produção' para separar doações de cobertores, roupas, alimentos e material de higiene bucal antes de sair por São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)Voluntários separam doações de cobertores, roupas, alimentos e material de higiene bucal antes de sair distribuindo tudo a moradores de rua em São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
'Linha de produção'
21h de terça-feira na Praça Charles Miller, como é conhecida a área que engloba o amplo estacionamento em frente ao Estádio do Pacaembu. À parte de alguns donos de Mini exibindo seus carros e de um homem que testa um drone em sobrevoos, um grupo bastante organizado causa ali mais movimento que o normal para um dia sem jogo no estádio. Apesar do uniforme de alguns, não são torcedores.
As primeiras ações foram se moldando a ponto de ser essa a essência do projeto, de compartilhar sorrisos na cidade. De como somos todos iguais, deixando de considerar os moradores de rua invisíveis para a sociedade, para nós, para todos"
Lucas Caldeira, idealizador do Entrega por SP
As 69 pessoas se organizam em uma linha de produção. Parte delas seleciona e divide roupas e calçados masculinos, femininos e infantis em várias pilhas, ao lado de um monte com 80 cobertores - a maioria novos, ensacados. Outra parte monta kits em sacolas que vão sendo passadas de mão em mão, cada um acrescentando uma coisa: sanduíche, pacote de biscoito, garrafinha d'água, sabonete, pasta e escova de dentes, par de meias e pacote de camisinhas.
O total de 400 kits é dividido em quatro grupos. As diversas sacolas de roupa também são organizadas para que cada grupo saia com números semelhantes de peças. Enquanto isso, algumas pessoas com pranchetas planejam as rotas da noite e a divisão de pessoas por grupo e por carros. Essa organização toda leva pouco mais de 2 horas.
É só então que o pessoal forma uma roda para que seja dito o que foi decidido para aquela noite. Quem fala são alguns dos que compõem a chamada "linha de frente" do grupo Entrega por SP, indicando a divisão das pessoas nos mais ou menos 25 carros disponíveis naquela terça-feira, e também dando recomendações de como agir e relatos de entregas anteriores.
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Roda com os quase 70 voluntários participantes da noite ouve instruções, recomendações e relatos da 'linha de frente' do Entrega por SP (Foto: Fábio Tito/G1)Roda com os quase 70 voluntários participantes da noite ouve instruções, recomendações e relatos da 'linha de frente' do projeto antes da divisão em grupos para a ação (Foto: Fábio Tito/G1)
'Hoje eu só durmo assim'
Ao ver a roda se formando e ser chamado para participar, Edson* se aproxima. "É oração, não é não? É, sim. Só pode ser", diz, convicto. Não era. O grupo não tem qualquer ligação com religião ou partido político - e reforça isso sempre que possível.
Morador de rua, Edson participa de roda de voluntários antes da divisão em grupos para o cumprimento das rotas. Ele achou que seria um momento de oração, e se surpreendeu ao saber que o grupo não tem vínculo religioso (Foto: Fábio Tito/G1)Morador de rua, Edson* participa de roda de
voluntários antes da divisão em grupos para o
cumprimento das rotas (Foto: Fábio Tito/G1)
Com tênis, calça jeans, camiseta, casaco e boné que acabara de escolher dentre as doações, Edson conta que deu sorte de estar passando por ali quando viu o grupo, ao vir caminhando de Santo Amaro, bairro na Zona Sul a 15 km de distância. "Agora eu duvido que o pessoal vai atravessar a rua quando eu estiver passando. Aconteceu agora há pouco ali em cima, a moça me viu vindo e foi pra outra calçada", afirma.
Interessado em conversar, ele aos poucos conta do problema com drogas, de como saiu de casa, dos conselhos que ouviu dos pais, dos bicos, do canto que escolheu para dormir aquela noite. "Não consigo mais dormir com as mãos soltas. Já tentaram me atacar mais de uma vez, naquela época em que estavam matando os moradores de rua. Era para eu ter sido um deles. Hoje eu só durmo assim", e tira do bolso do casaco o canivete, segurando firme. Fala que prefere não aparecer em foto nem dar o nome verdadeiro para a reportagem, mas no fim passa ao repórter seu contato no Facebook.
Lucas Caldeira Brant, idealizador do projeto Entrega por SP, fala em meio à roda formada por voluntários antes da saída em grupos cumprindo rotas pela cidade (Foto: Fábio Tito/G1)Lucas Caldeira Brant, idealizador do projeto Entrega por SP, fala em meio à roda formada por voluntários antes da saída em grupos cumprindo rotas pela cidade (Foto: Fábio Tito/G1)
Todos iguais
"A gente não gosta de exposição, de drama, sabe? Trilha sonora triste, emotiva. Não gostamos de ser tratados como heróis. Nossa linha é mais humana, de que somos todos iguais, e sem vitimismo", afirma o radialista Lucas Caldeira Brant, de 32 anos, idealizador do Entrega por SP.
Agora eu duvido que o pessoal vai atravessar a rua quando eu estiver passando. Aconteceu agora há pouco ali em cima, a moça me viu vindo e foi pra outra calçada"
Edson*, morador de rua, após
receber roupas doadas
Em uma noite de julho de 2013, quando o frio intenso chegou a causar a morte de moradores de rua na cidade, Lucas teve que buscar um cobertor extra porque não conseguia dormir. No dia seguinte, conversando com a mãe, decidiu fazer algo por quem estava mais exposto ao frio.
"Criei um evento no Facebook pedindo doações para comprar cobertores e marquei o dia da entrega. Nessa primeira ação, saímos em umas dez pessoas e demos 138 cobertores. E o que a gente percebeu é que as pessoas queriam conversar", lembra.
A entrega se tornou uma ação mensal. Pesquisando, Lucas não encontrou nenhum projeto que distribuisse pasta e escova de dentes para moradores de rua, e incluiu esses itens a partir da segunda saída. "As primeiras ações foram se moldando a ponto de ser essa a essência do projeto, de compartilhar sorrisos na cidade. De como somos todos iguais, deixando de considerá-los invisíveis para a sociedade, para nós, para todos", explica.
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Hoje, Lucas é uma das nove pessoas que integram a "linha de frente" do projeto, cuja página no Facebook tem mais de 3 mil seguidores. Em média, 50 pessoas vão às ruas para fazer as entregas, e centenas colaboram para comprar e doar os materiais. A ação passou a ocorrer sempre na última terça-feira de cada mês, e é coordenada pela página no Facebook.
Segundo os dados mais recentes da Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de São Paulo, há quase 15 mil pessoas em situação de rua na cidade, entre os que ficam em centros de acolhida e os que dormem nas ruas.
Na chegada às redondezas do Metrô Santana, onde é grande a concentração de moradores de rua, volutários do Entrega por SP encontram outras pessoas que estão ali entregando marmitas. São membros da Igreja Evangélica Vitória Só em Cristo em Jova Rural (Foto: Fábio Tito/G1)Na chegada às redondezas do Metrô Santana, onde é grande a concentração de moradores de rua, voluntários do Entrega por SP encontram outras pessoas que estão ali entregando marmitas. São membros da Igreja Evangélica Pentecostal Vitória Só em Cristo em Jova Rural (Foto: Fábio Tito/G1)
Coleção de histórias
Em quase dois anos de entrega, os participantes do projeto têm uma coleção considerável de histórias ouvidas e vividas com moradores de rua. De lutador de boxe vindo das Filipinas com promessa de sucesso e acabando nas ruas, ex-médico da Santa Casa, às reações mais inesperadas de gratidão e fraternidade vindas de quem recebe as doações.
Cachorro permaneceu ao lado do corpo do dono, um morador de rua da região central de São Paulo (Foto: Edu Silva/Futura Press)Cachorro permaneceu ao lado do corpo do dono,
um morador de rua da região central de São Paulo
(Foto: Edu Silva/Futura Press)
Na última terça-feira (28), o grupo que percorreu a Avenida Nove de Julho teve uma das experiências mais marcantes durante uma entrega. Um morador de rua morreu no local onde dormia, perto da Praça 14 Bis. "Quando a gente chegou lá já tinha acontecido, parece que ele faleceu à tarde. Os outros o conheciam como 'Seu Yah', e o cachorro era o Negão. A área estava isolada quando chegamos", conta Marcela Branco, jornalista de 26 anos que também está à frente do Entrega.
Ela havia conhecido o morador no mês anterior, quando fazia a mesma rota de entrega. "Ele ficava ali sozinho, bem na frente de uns bares ao lado da [Praça] 14 Bis. Eu o acordei dessa vez e falei com ele, das outras vezes ele não chegou a acordar. Lembro que ele agradeceu por eu tê-lo acordado, que ficou feliz com o kit. O cachorro estava do lado, e deu a impressão de cuidar mesmo do dono", lembra.
Um fotógrafo da agência Futura Press registrou o cachorro deitado ao lado do morador de rua durante a madrugada, mesmo após o corpo ser coberto e a área, isolada.
* nome fictício usado a pedido do entrevistado
Há quase dois anos, um grupo de jovens se reúne mensalmente para percorrer São Paulo para fazer a 'Entrega por SP', entregando kits com alimentos, roupas, pasta e escova de dentes etc. para moradores de rua, além de conversar com essas pessoas (Foto: Fábio Tito/G1)Voluntários do Entrega por SP conversam com moradores de rua ao lado da Av. Nove de Julho, perto do Masp (Foto: Fábio Tito/G1)
Sentada mexendo em um radinho, uma das moradoras que vivem sob um viaduto da Av. Nove de Julho conta que está ali há menos de dois meses, desde que acabou de cumprir pena em um presídio. Ao fundo, outros moradores experimentam roupas doadas (Foto: Fábio Tito/G1)Sentada mexendo em um rádio de pilha, uma das moradoras que vivem sob um viaduto da Av. Nove de Julho conta que está ali há menos de dois meses, desde que acabou de cumprir pena em um presídio. Ao fundo, outros moradores experimentam roupas doadas (Foto: Fábio Tito/G1)
Sob o Viaduto Professor Bernardino Tranchesi, atrás do Masp, moradores de rua se dividem em pontos entre as paredes de pedra inclinadas e lajes da estrutura do túnel na Av. Nove de Julho, logo abaixo (Foto: Fábio Tito/G1)Sob o Viaduto Professor Bernardino Tranchesi, atrás do Masp, moradores de rua se dividem em pontos entre as paredes de pedra inclinadas e lajes da estrutura do túnel na Av. Nove de Julho, logo abaixo (Foto: Fábio Tito/G1)
Acordado pelo grupo enquanto dormia protegendo-se do frio só com caixas de papelão, morador de rua canta música romântica em espanhol após falar desenfreadamente e receber doações, em rua na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)Acordado pelo grupo enquanto dormia protegendo-se do frio com caixas de papelão, morador de rua canta 'La Barca', do cantor romântico espanhol Luis Miguel, após falar desenfreadamente e receber doações, em rua na Zona Norte de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
O catador Wellington posa ao lado de seu carrinho, que ele chama de sua 'galinha dos ovos de ouro'. Ele contou que mora em uma pensão perto do Metrô Santana e paga até uma vaga na garagem para o carrinho (Foto: Fábio Tito/G1)O catador Wellington posa ao lado de seu carrinho, que ele chama de sua 'galinha dos ovos de ouro'. Ele contou que mora em uma pensão perto do Metrô Santana e paga até uma vaga na garagem para o carrinho (Foto: Fábio Tito/G1)
Muitos dos cachorros de moradores de rua apresentam aparência bastante saudável (Foto: Fábio Tito/G1)A maioria dos cachorros de moradores de rua vistos pela reportagem durante as ações apresentam aparência bastante saudável (Foto: Fábio Tito/G1)
Homem volta para dormir ao lado de amigos na Praça Margarida de A. Gimenez após receber doações, perto do Metrô Santana, Zona Norte de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)Homem volta para dormir ao lado de amigos na Praça Margarida de A. Gimenez após receber doações, perto do Metrô Santana, Zona Norte de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)